Sabes aqueles dias em que as conversas não terminavam sem que um de nós adormecesse, em que as decisões que tomávamos implicavam ter de sonhar longe de casa mas perto um do outro, em que navegávamos na tua pele, ou na minha, apesar de não tocarmos mais do que o ar que nos envolvia. sabes quanto tempo passou? sabes o que mudou? Certamente sabes. O tempo deixou de ser singular, passou a contar-se dois a dois. Segundos e horas passaram a correr sempre que estivemos juntos, sempre que houve sorrisos e lágrimas, sempre que mostramos que deixamos de ser eu e tu para sermos apenas nós. Corremos mundo inteiro, guardamos em mente e em papel, sons, palavras, imagens. Lembranças de tempos felizes a que hoje queria voltar. Pena não mandar nos sonhos, não poder escolher sonhar contigo hoje antes de dormir. Não precisava de sair do quarto, do jardim, da praia, porque tudo o que queria era na tua pele navegar.
Hoje não tenho ideias...
Friday, January 11, 2013
Tuesday, January 08, 2013
Moro aqui
Às vezes quando escrevo para ti não oiço mais do que gritos mudos, não oiço mais do que um silêncio avassalador de quem quer contar a história de um mundo em que poucos acreditam, em que é preciso tirar a roupa de adulto e vestir-se com a imaginação de uma criança. És alguém que levaria comigo de braço dado até onde o destino me quisesse levar. Essa pessoa dona de sorrisos e silêncios, cheia de boa disposição e mau feitio, de mãos frias e coração quente. Tantas contrariedades numa vida como tantas vezes ouvi o teu coração gritar como a tua voz. E as saudades de o ouvir, sempre igual, sempre a dizer na sua língua e à sua maneira, tu moras aqui. Tu moras aqui desde o dia em que roubaste o meu sorriso, desde o dia em que me deste a mão e me aqueceste o coração. Tu vais ficar aqui hoje e amanhã, porque me fizeste bem, e eu não me esqueço dos sorrisos com que secaste cada lagrima que fugiu de mim.
Tuesday, December 25, 2012
A Chuva
olho no vidro a cor cinzenta que te pinta, vejo-te a ti e através de ti. vejo-te cair devagar, com força e novamente devagar. corres com a rapidez de quem fez isso a vida toda. oiço-te enquanto me despertas os sentidos, enquanto penso em ti em noites que custa adormecer. sei que essa cor não é tua, não te pertence, mas está sempre presente como se fizesse parte de ti. sinto-te muitas vezes perto mas não te posso tocar, apenas contemplar. oiço-te quando me acordas ou me assustas, quando quero que vás embora sem deixares lembranças. mas um dia vou correr, vou tocar-te e sentir a forma como tocas a minha pele, como não és a mesma depois de o fazer. nesse dia vais cantar para mim e eu dançarei à chuva.
Friday, December 21, 2012
Clareira de luz
e se eu te disser que o porquê de escrever é tão somente a saudade. guarda este segredo, mas não guardes a saudade porque magoa estar repleto dela. às vezes não chego a tempo, a chuva não me deixa chegar a tempo e seu som não me deixa ouvir lágrimas que podem, neste momento, estar a cair. e os mares de água e sal, as noites de escuridão onde são poucas as clareiras de luz, os momentos que procuro incessantemente para guardar a esperança de um sorriso. porque na escuridão são raros os sorrisos. mas existem, como pássaros que voam por portas entreabertas que nós pensamos ter deixado fechadas. que cantam em nós contando calmos segredos que fazem palpitar o coração, lhe dão vida e alegria, que devolvem sorrisos e um acreditar em coisas boas que ontem não existiam. um dia elas vão chegar, um dia vão deixar de ser sonhos para sermos nós. é difícil acreditar, mas eu também não acreditava que tu um dia ias chegar.
Monday, December 17, 2012
Um só nome próprio
o amar não é mais do que uma confusão de sinónimos. é uma mistura de gostares, de quereres, de sentimentos sem sentido que nos dão voltas e mais voltas na barriga. são borboletas que voam quando a palavra saudade paira na nossa mente. são todas aquelas noites sem dormir à espera de saber de ti, à espera de adormecer porque nos sonhos tudo muda, tudo pode ser como nós queremos. é esperar que o tempo passe a correr para enganar saudades, para enganar arrepios e fazer pousar as borboletas. amar é apenas e só isso, muitas palavras de sons diferentes, escritas no mesmo papel, mas que quando olhamos para elas, para todas elas, apenas vemos uma só palavra, um só nome próprio. isso é amar.
Sunday, December 16, 2012
Existem bolhas de sabão
dizes-me para eu escrever mas eu não sei, não sou bom nessa arte de ligar palavras e fazê-las tocar mais do que a cor doce dos teus olhos. quem escreve bem não deixa as palavras presas no exterior, faz com que elas corram pelo corpo como o arrepio de um beijo que passou quente e frio pela pele. e não deixa que elas fiquem apenas na pele, leva-as até ao coração. isso não sei fazer. tu sabes que não
sei. existe o Mar da Palha, existem Micro contos, existe a Fábrica de Escrita e a Associação de Palavras, mas eu sinto-me pequeno e sem importância ao lado da perfeição de um poema que nos beija o pensamento. deixo as imagens para a imaginação, esqueço as vistas de miradouros de que tenho saudades, de que tenho memórias. entrego-me à saudade e aos meus defeitos, aos sentimentos que não sei esconder e a tudo aquilo que te digo em cada frase, deixo sempre um gosto de ti disfarçado de ponto final. não de interrogação ou exclamação, esses são demasiado complexos e aquilo que sinto por ti é o sentimento mais simples. e tu sabes que sim, porque gostar de ti é simples, tão simples como a felicidade de uma criança que brinca com bolhas de sabão.
Tuesday, June 26, 2012
Duas linhas
Já passou uma hora desde que permaneço assente em duas linhas, preso entre corredor e janela, rodeado por verde de árvores e cortinas. As cores por aqui são mais que muitas, mas não tantas como as que vejo pintadas no céu depois da chuva. São poucas as palavras que não me lembram o que ficou para trás, neste caso para a frente. É um pormenor de sentidos mas é essa a verdade, tal como na maioria das viagens de comboio, por vezes também na vida viramos as costas ao futuro. Todos os dias, nestes últimos que passaram, tomo consciência do que importa e do que não importa. Como nestas duas linhas, que não se cruzam, há quem passe perto mas não o suficiente para tocar. Há também quem passe na linha do lado e salte para a mesma que nós e aí fica para sempre.
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