Tuesday, July 05, 2011

O brilho do olhar e o som do palpitar

por entre centenas de textos teus andei perdido, de uma ponta a outra tudo li, tudo mesmo. comecei no nada, envolto em silêncio, tão grande que incomoda e gera apatia como dizes. senti. senti tantas vezes como tu o medo dessas paredes que separam mundos, invisíveis como vidro, que poucos entendem, que a tão poucos importam. essas paredes que ficam sujas de chuva, um sujo que não se vê, mas que se ouve, que se escuta tão bem como o palpitar desse pedaço que tens no peito. sem palavras pendentes, que ficam por dizer, porque ele não fala apesar de o podermos escutar, apesar de tão bem se poder entender. podemos ver a chuva correr por essas paredes, como lágrimas numa face rosada, lágrimas que não escutamos, que não falam mas que podemos entender tão bem. senti. há quem nada sinta, quem se abstraia, quem tenha faces, tantas como um cubo que roubo da tua explicação, há quem tenha só uma, mas é tão difícil, quase tanto como escutar o pedaço ou entender esse brilho no teu olhar. é mais fácil usar uma "máscara de sorrisos e malmequeres" que tudo esconde, excepto o brilho no olhar e som do palpitar.

6 comments:

Damra said...

simplesmente adorei este texto
por vezes surge a pergunta em que situações escreves estes textos pois por vezes adequam-se de uma maneira a situações vividas que ..

True smile said...

escrevo estes textos em qualquer lugar. a "pérola de santos" escrevi em santos no bar "pérola" a horas tardias enquanto bebia algo. este escrevi no trabalho, como muitos outros. escrevo quando tenho uns minutos livres, pois isso é a única coisa estritamente necessária para escrever... tempo.

Catarina said...

Para além do tempo é preciso inspiração, aquele "plim" que falas... sem ele a mestria das palavras não se solta. Escrevo os meus textos sempre a horas tardias, só por aí ter o "tempo" e só por aí ter sossego para que os "plins" possam surgir nos meus dedos e nos meus pensamentos. Não costumo ter ideias do que vou escrever, simplesmente deixo-me levar pelo meu sentir, pelo que me envolve, pelo o meu (in)consciente olhar do mundo e das coisas. Todos os meus textos têm a minha marca, têm o meu eu. São pedaços meus. Neste texto que (perdoa-me a ousadia) me escreveste percebi que há quem saiba sentir estes meus pedaços de ser. Percorreste os meus textos e levaste o marcante em diversas fases deste tempo... também descobriste o elemento comum em todas elas. Fizeste um retrato dos meus esquissos, o qual me deixou bastante feliz pelo resultado. Obrigada pela partilha ;)

Catarina

Viver&Gostar

True smile said...

faço deles pequenos puzzles, como em muitos outros textos, poemas e devaneios que aqui deixo, junto cada peça para obter aquilo que desejo mostrar. e sim, o texto foi para ti, baseado em muito do que escreveste, sem ousadias e com muitos "plins".

Catarina said...

Obrigada pelas palavras ;)

True smile said...

quando escrever outro, que tenha por base alguma ideia tua aviso-te :) porque sim, há lá muitas coisas que partilho e sobre as quais já escrevi por aqui, mas nestes últimos tempos ando um pouco chateado com a realidade que me rodeia, por isso só tenho escrito "utopias". vou dormir que amanhã é dia de trabalho... e de alive! :D
beijos, boa noite.