Saturday, July 16, 2011

Ele e Ela

queria segredar-te coisas doces ao ouvido, roubar-te infinitos sorrisos sabendo sempre que teria perdão, sabendo sempre que me roubarias de seguida outros tantos como ladrão que rouba a ladrão. e eu gostava.. continuava a roubar-te sorrisos, porque gosto deles, gosto quando eles tomam conta de ti, quando inconsciente sorris para mim, dizendo sem palavras para provar os teus lábios num beijo doce como tu

ele

se eu te roubar dessa maneira, não estarei à margem da lei e poderei fazê-lo. seremos então dois ladrões a roubar para o mesmo fim. quero ver o teu sorriso, a doce forma de falares e de pensares, a leveza das tuas palavras, quem sabe, se ao ouvido e ao coração. já percebes que não sei dizer essas coisas, pelo menos ainda, mas os meus olhos também falam e são eles o meu reflexo.

ela

mas eu não quero que fales tudo, quero ver, ver os teus olhos brilhar entre palavras que me dizes, escutar o teu coração em silêncio enquanto contas números e palavras, sentir as tuas mãos enquanto tocas as minhas, enquanto elas se abraçam como nós na nossa imaginação. e nestes pronomes misturados de eu e tu, tudo se resume a nós, dois, a escutar, a ver, a tocar, trocando ideias envoltas em desejo de saber mais, em vontade de querer algo que não sabemos onde nos vai levar.

ele

gosto tanto das tuas palavras. quero contar-te muitas coisas. quero que me fiques a conhecer melhor por entre palavras e espécies de números que vou intercalando. como a simples soma dos nossos nomes ser a mesma. os números têm sempre um significado assim como as palavras. é como se também nós fossemos feitos em base binária mas não controlável. há liberdade de acção.
não vamos estar a ser comandados por ninguém. seremos nós, na nossa simplicidade e na nossa complexidade. E saberemos que os sentidos são o que nos desperta para isto, que não sei bem definir o que é. O toque, o perfume, os sabores, o escutar e o olhar... aquele que se trocará com uma lua cheia de fundo, talvez.

ela

mas nós somos simples como uns e zeros, a nossa base é sempre a mesma, traços de átomos, protões e electrões que dançam uma vida inteira apaixonados sem se separar. por mais complexa que a nossa imagem pareça é sempre redutível a essa simplicidade nuclear, é o nosso cerne, explicado por palavras e números, por tudo o que há de complexo e incompreensível aos olhos de quem não vê, mas tão simples para quem sente. eu não quero saber física nuclear, quero apenas encontrar uma forma de prender o teu olhar, de saber o que sentes sem que digas uma só palavra, palavras que quero provar, escutar. quero sentir o teu perfume, provar talvez nessa indefinição de sentidos que despertam sentimentos que não compreendemos.

ele

nunca imaginei átomos, protões e electrões a dançarem apaixonados. mas a imagem é bonita. se eles estiverem felizes, nós também estaremos. se eles dançarem alegremente, nos também o saberemos fazer. porque nós somos eles e eles são a nossa base. e foi esta base que nos levou a encontrar estas palavras. atrevo-me a discordar com o exupery… o essencial pode não ser invisível aos olhos.
depende do olhar, da forma a que eles está ligado ao coração, uma ligação intensa, tão intensa que dá para chorar e sorrir. eu também quero que me digas o que percepcionas do meu ser, gosto de quando acertas no que penso. quero-te sentir mais perto e perceber onde é que está o nosso elo. também tens noção que estarei um pouco envergonhada... e aí é provável que vejas as minhas faces ainda mais rosadas e um sorriso daqueles. daqueles que acabamos de inventar.

ela

eu preciso do meu olhar para ver o teu sorriso, esse sintoma da doença que é o amor e a felicidade. preciso do meu olhar para ver as tuas mãos, para ver os teus olhos brilhar. por muito que não sejam essenciais estes olhos, contribuem para que possa ver o que é impossível ao olhar, são eles que me permitem saber sentir, saber tocar, saber escutar o teu coração, são estes olhares que me dizem docemente ao ouvido o quanto estás feliz por me ter tão perto de ti. e se choramos, ou sorrimos, se coras por estares envergonhada como eu também vou corar, se sentes o quente percorrer-te o corpo, das faces às mãos e ao peito inundados no calor desse sentimento que é fogo que arde sem se ver, não vamos parar de sorrir esse sorriso da nossa imaginação, esse dia será tão real como o toque da tua mão.

ele

Primeiro olha-se sempre. Para ver. Depois pode-se fechar o olhar para sentir. E voltar a abrir os olhos para ver que é real, que as minhas mãos são reais e que tu também és real. Não é pura imaginação. Sim, vamos fervilhar por dentro e vamos sorrir outra vez por saber isso. Depois quero que tires uma fotografia, pode ser mental, para guardar. Guardar num álbum que ainda não comecei. Ainda não sei
Ainda não sei é ao que havemos nós de tirar fotografia. Ah! Já sei! A um pormenor. A um essencial. Certamente vamos encontrar um, ou dois, ou se calhar mais… Não te parece?

ela

o que achas que eu penso neste momento, sei de mil pormenores que podemos tirar fotos, mentais ou não, fotos que vamos guardar para sempre deste dia que já começou, dessa noite que está tão próxima como eu de ti quero estar. quero saber o que vais sentir quando caminhares na minha direcção ou se queres esperar por mim no topo do pedestral, para que eu me aproxime, te peça para descer para beijar a tua mão, como em contos de fadas de um passado distante, histórias de encantar como quero que a nossa seja. e se tudo isto for verdade, se a imaginação se conjugar com a realidade, posso dizer que acordarei feliz como há dias te disse que queria ser.

ele

não sei ainda que caminho será. gosto que aí corra a imprevisibilidade e o momento. e qualquer um que se escolha, será uma história encantada. e, sim, se a imaginação se conjugar com a realidade, posso dizer que também acordarei feliz como há dias te disse que queria ser.

ela

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