Monday, July 25, 2011

O frio do verão

espero que, por entre palavras quentes da noite de ontem tenhas encontrado algo doce ao paladar, algo que desperte ou tenha despertado desejos ainda que em sonhos, de ter a minha pele abraçada à tua, em jogos de prazer que não conheces mas que inconscientemente queres tanto sentir. por entre sentimentos, por entre cinco sentidos, por entre abraços e beijos desmedidos, quero entrar no teu intimo e sentir que te desejo tanto como tu a mim. enquanto dormes e procuras esse mundo, onde mapas e indicações são itens obsoletos, onde reina a descoberta e a curiosidade, onde o objectivo é perderes-te nos meus braços sem nunca encontrares um destino, porque nos sonhos não há destinos, apenas medos e desejos. e nesta dualidade deixo o acaso escolher que percas os teus medos num mar inundado de desejo. escolha efémera mas frontal, egoísmo puro de quem quer fazer parte de um pequeno mundo escondido entre noites de luar, de verão, quentes como a tua pele. sinto que estás longe, sinto o frio de não ter o teu calor aqui bem perto, de não ter um abraço.

Friday, July 22, 2011

Dolce Vita











guiada por essas mãos magoadas
que teimam em não deixar de brilhar
mãos de princesa relegada
a uma eternidade sem reinar

a coroa que ousas ostentar
já sem dourado de outros tempos
realça nos teus cabelos o tom âmbar
lembrando cores de belos momentos

no entanto não perdeste a postura
esse ar que mostra quão importante és
nesse corpo que inspira loucuras
num servo ajoelhado a teus pés

implicito nesse olhar sereno
tens o dom de querer e saber
apesar de o teu mundo ser pequeno
sonhas um dia feliz ser

continuas a tua tarefa eterna
com as mesmas mãos magoadas
não reinas nesta era moderna
mas serás rainha no teu conto de fadas

Saturday, July 16, 2011

Ele e Ela

queria segredar-te coisas doces ao ouvido, roubar-te infinitos sorrisos sabendo sempre que teria perdão, sabendo sempre que me roubarias de seguida outros tantos como ladrão que rouba a ladrão. e eu gostava.. continuava a roubar-te sorrisos, porque gosto deles, gosto quando eles tomam conta de ti, quando inconsciente sorris para mim, dizendo sem palavras para provar os teus lábios num beijo doce como tu

ele

se eu te roubar dessa maneira, não estarei à margem da lei e poderei fazê-lo. seremos então dois ladrões a roubar para o mesmo fim. quero ver o teu sorriso, a doce forma de falares e de pensares, a leveza das tuas palavras, quem sabe, se ao ouvido e ao coração. já percebes que não sei dizer essas coisas, pelo menos ainda, mas os meus olhos também falam e são eles o meu reflexo.

ela

mas eu não quero que fales tudo, quero ver, ver os teus olhos brilhar entre palavras que me dizes, escutar o teu coração em silêncio enquanto contas números e palavras, sentir as tuas mãos enquanto tocas as minhas, enquanto elas se abraçam como nós na nossa imaginação. e nestes pronomes misturados de eu e tu, tudo se resume a nós, dois, a escutar, a ver, a tocar, trocando ideias envoltas em desejo de saber mais, em vontade de querer algo que não sabemos onde nos vai levar.

ele

gosto tanto das tuas palavras. quero contar-te muitas coisas. quero que me fiques a conhecer melhor por entre palavras e espécies de números que vou intercalando. como a simples soma dos nossos nomes ser a mesma. os números têm sempre um significado assim como as palavras. é como se também nós fossemos feitos em base binária mas não controlável. há liberdade de acção.
não vamos estar a ser comandados por ninguém. seremos nós, na nossa simplicidade e na nossa complexidade. E saberemos que os sentidos são o que nos desperta para isto, que não sei bem definir o que é. O toque, o perfume, os sabores, o escutar e o olhar... aquele que se trocará com uma lua cheia de fundo, talvez.

ela

mas nós somos simples como uns e zeros, a nossa base é sempre a mesma, traços de átomos, protões e electrões que dançam uma vida inteira apaixonados sem se separar. por mais complexa que a nossa imagem pareça é sempre redutível a essa simplicidade nuclear, é o nosso cerne, explicado por palavras e números, por tudo o que há de complexo e incompreensível aos olhos de quem não vê, mas tão simples para quem sente. eu não quero saber física nuclear, quero apenas encontrar uma forma de prender o teu olhar, de saber o que sentes sem que digas uma só palavra, palavras que quero provar, escutar. quero sentir o teu perfume, provar talvez nessa indefinição de sentidos que despertam sentimentos que não compreendemos.

ele

nunca imaginei átomos, protões e electrões a dançarem apaixonados. mas a imagem é bonita. se eles estiverem felizes, nós também estaremos. se eles dançarem alegremente, nos também o saberemos fazer. porque nós somos eles e eles são a nossa base. e foi esta base que nos levou a encontrar estas palavras. atrevo-me a discordar com o exupery… o essencial pode não ser invisível aos olhos.
depende do olhar, da forma a que eles está ligado ao coração, uma ligação intensa, tão intensa que dá para chorar e sorrir. eu também quero que me digas o que percepcionas do meu ser, gosto de quando acertas no que penso. quero-te sentir mais perto e perceber onde é que está o nosso elo. também tens noção que estarei um pouco envergonhada... e aí é provável que vejas as minhas faces ainda mais rosadas e um sorriso daqueles. daqueles que acabamos de inventar.

ela

eu preciso do meu olhar para ver o teu sorriso, esse sintoma da doença que é o amor e a felicidade. preciso do meu olhar para ver as tuas mãos, para ver os teus olhos brilhar. por muito que não sejam essenciais estes olhos, contribuem para que possa ver o que é impossível ao olhar, são eles que me permitem saber sentir, saber tocar, saber escutar o teu coração, são estes olhares que me dizem docemente ao ouvido o quanto estás feliz por me ter tão perto de ti. e se choramos, ou sorrimos, se coras por estares envergonhada como eu também vou corar, se sentes o quente percorrer-te o corpo, das faces às mãos e ao peito inundados no calor desse sentimento que é fogo que arde sem se ver, não vamos parar de sorrir esse sorriso da nossa imaginação, esse dia será tão real como o toque da tua mão.

ele

Primeiro olha-se sempre. Para ver. Depois pode-se fechar o olhar para sentir. E voltar a abrir os olhos para ver que é real, que as minhas mãos são reais e que tu também és real. Não é pura imaginação. Sim, vamos fervilhar por dentro e vamos sorrir outra vez por saber isso. Depois quero que tires uma fotografia, pode ser mental, para guardar. Guardar num álbum que ainda não comecei. Ainda não sei
Ainda não sei é ao que havemos nós de tirar fotografia. Ah! Já sei! A um pormenor. A um essencial. Certamente vamos encontrar um, ou dois, ou se calhar mais… Não te parece?

ela

o que achas que eu penso neste momento, sei de mil pormenores que podemos tirar fotos, mentais ou não, fotos que vamos guardar para sempre deste dia que já começou, dessa noite que está tão próxima como eu de ti quero estar. quero saber o que vais sentir quando caminhares na minha direcção ou se queres esperar por mim no topo do pedestral, para que eu me aproxime, te peça para descer para beijar a tua mão, como em contos de fadas de um passado distante, histórias de encantar como quero que a nossa seja. e se tudo isto for verdade, se a imaginação se conjugar com a realidade, posso dizer que acordarei feliz como há dias te disse que queria ser.

ele

não sei ainda que caminho será. gosto que aí corra a imprevisibilidade e o momento. e qualquer um que se escolha, será uma história encantada. e, sim, se a imaginação se conjugar com a realidade, posso dizer que também acordarei feliz como há dias te disse que queria ser.

ela

Friday, July 15, 2011

Imaginação

quatro minutos enquanto espero por ti, enquanto conto todos os segundos nesta eterna espera por um beijo teu, por esse desejado provar de faces rosas, esse querer sentir o toque das tuas mãos. sinto-me midas sem te querer transformar pois preciosa já tu és. basta pensar nesse brilhar, nesses brilhos que te envolvem, nesse olhar, nesses olhos que deslumbram e nesse sorriso que espero cativar. anda, caminha na minha direcção, espero aqui por ti, só neste banco de jardim, espero aqui que o tempo corra depressa para depois parar, cansado, quando estiveres junto de mim, abraçada nos meus braços. oito minutos passaram e nem sinal de ti, duas eternidades desde que comecei a contar, como eternas são as ondas que passeiam neste rio, curvas aleatórias como o tempo que teima em parar quando depressa devia andar. dezasseis eternos minutos que passaram, o quadrado do principio, desespera o meu mundo num imenso receio que te tenhas perdido, qual triângulo quais bermudas, incontrolável desejo de te ver. passam trinta e dois agora e vejo ao longe a tua imagem, sinto o corpo a fervilhar num nervoso miudinho. quero tanto a tua voz que não imagino outro querer, quero provar o teu sabor teu beijo doce de prazer. trazes contigo o calor que aquece as minhas mãos, trazes contigo o sorriso que eu tanto desejei, trazes contigo a pessoa com quem em muitas noites sonhei. adeus imaginação.

Wednesday, July 13, 2011

Cativar












hoje quero escrever algo diferente
guiar-me pela noite e não pelo dia
deixar-me levar pelo inconsciente
entregar o corpo à tua sabedoria

dançar contigo na ponta dos dedos
cantar ao mundo aquilo que sinto
deixar bem longe todos os medos
o meu futuro sou eu que o pinto

olho para ti e vejo a imagem
de alguém que sente como eu senti
como rio que abraça a sua margem
eu quero sem demoras abraçar-te a ti

neste dom de saber e sonhar
rendo-me incrédulo à tua imaginação
porque não é fácil ideias inventar
nem fácil é deixar aos pulos o coração

por este esboço que aqui eu escrevo
entrego a ti estas linhas pintadas
desenhadas por mim nas folhas de um trevo
de quatro folhas como em histórias encantadas

fico à espera do resto da história
desse livro que ainda está por escrever
porque se não me falha a memória
ainda muito ficou por dizer

Tuesday, July 12, 2011

Noites como a de hoje

conseguiste não sorrir antes de fechar os olhos? foi a pergunta que te prometi, que disse que guardava para quando saísses desse conto de fadas que é a tua imaginação. percorreste o mundo inteiro guiada por ideias que te dei, por caminhos que me deste, entregue à sedução de melodias cantadas docemente em noites como a de hoje. era manhã quando disse adeus e as saudades começaram, como tu entraste na minha vida, também elas entraram de rompante no meu quarto, esperando pacientemente as horas passar para sussurrarem o teu nome na minha mente. foi assim o meu acordar, um tremor por não saber se um dia não são dias, maremoto de emoções que inundam o meu corpo enquanto espero por esse bom dia...
esse tive saudades tuas...
foi só um sonho mas pareceu tão real, com "sabores e essências", podia sentir cada toque teu enquanto me mostravas que há lugar para mim no teu mundo. e mesmo de olhos bem fechados vi todos os pormenores, a face rosada ou a forma das tuas mãos.
bom dia, sabes... tive saudades tuas...

Monday, July 11, 2011

Quatro tempos

porquê tanto desespero, porque me deixo envolver nesse imenso desejo de ter a tua resposta, meras palavras escritas como forma de atenção. não te conheço, não sei quem és, mas quero tanto, tanto saber. talvez desespero não seja a palavra, quimera, aquela palavra que melhor traduz esta imensidão de sentimentos que não sei explicar, que não sei contar ou dizer em palavras, que mesmo escrevendo e por mais longo que seja o texto, por mais folhas brancas que rasgue, porque o papel não sente como eu, porque em mil palavras não consigo mostrar a imagem, porque são sentimentos e não se vêem...
sentem-se...
escutam-se...
porquê?
porque escuto o sopro de um coração que não é meu...
fechado a sete chaves quando nem uma só eu tenho, colorido por sete cores em tom de arco íris, a ti pergunto se partilhas cores comigo, se comigo queres pintar um céu azul da cor do mar, um sol amarelo? não espera, em tom alaranjado nesse adormecer de fim de tarde. deixa-te levar, cai, deita-te a meu lado nessa terra pintada de verde, violeta ou indigo de flores da primavera, ou se te perdes neste verão de calor que deixa a tua face rosada, sem mascaras ou véus que escondam o teu sorriso. deixo apenas duas estações das quatro que vamos tendo, desses quatro tempos é este o que mais gosto e pergunto-te a ti por inata curiosidade, dessa história de quatro contos qual te traz mais felicidade?

Essa cor que não se esquece

em segundos aproximaste-te do meu ser, ouvi a tua voz, vi o teu olhar, azul, verde, não sei dizer, fiquei perdido, hipnotizado nesse mar de beleza. esse aspecto alado, que nem em sonhos esperei ver, tão indescritível que esperei horas, dias pela coragem de te descrever. entre perguntas sem sentido, esqueci o teu nome, esqueci o teu toque, esqueci o doce da tua voz, esqueci tudo quando me deixei levar pelo teu olhar, quando mergulhei nesse mar revolto pelas ondas do teu cabelo. fugi mas tu voltaste para mim, contaste histórias, roubaste sorrisos, mas para quê? porquê? se agora, que te quero aqui bem perto, se sinto falta dessa cor que ainda hoje desconheço, desse olhar que me levou onde não esperei vez alguma ir. eterno arrependimento de não te ter prendido também, com cordas e amarras, envolvendo o teu corpo no meu, nessa noite que passou e não volta, nesse olhar que jamais verei, mas que ficou gravado no meu pensar e que nunca mais conseguirei apagar.

Sunday, July 10, 2011

Patience

hoje não tenho ideias, nem ontem ou no dia anterior. por muito que queira escrever este texto, que queira exaltar esse dia em que cantaste para mim, sussurra o egoísmo ao meu ouvido, talvez não o tenhas feito, talvez tenhas apenas cantado para ti. nessa noite em que te pedi para não o fazeres, para não me dizeres essas palavras, para não me hipnotizares a cada movimento dos teus lábios. por saber que essa letra espelha tudo o que sinto, por saber que não tenho armas para lutar contra esse querer, por estar perto de ti, tão perto, por saber que nada sei, por muito que queira saber, por querer um beijo teu quando dizes "all we need is just a little patience", quando esse mar de sentimentos apenas acalmará com o doce da tua boca. fazer o tempo correr, será essa a solução, será esse o caminho a tomar, como um atalho para a felicidade. mas eu não tenho mapa, não sei o caminho, nem quero saber. por não estares aqui, mas por teres estado nessa noite, por me teres levado, perdido em palavras, encantado em dizeres, em falares, enquanto cantavas para mim, esperei até que o tempo me disse acorda e escreve para recordares.

Thursday, July 07, 2011

Conta-me histórias

já por diversas vezes te pedi para me contares, teus desejos, virtudes, segredos. perdi o conto das vezes que te pedi para me contares, sem medos ou hesitações, sem redoma de vidro que te proteja de males maiores, pedi para me contares. mas como pode essa parede invisível, tão fácil de quebrar, essa película que te envolve e que parece já fazer parte do teu ser, esse escudo com que ocultas toda e qualquer fraqueza, como pode isso impedir que me contes a tua história. duvidas que escutarei cada segundo, deliciado em pormenores, questionando detalhes que me deixam ver aquilo que essas paredes invisíveis ocultam, que me deixam escutar cada palavra que os teus lábios me dão enquanto sinto o quanto estás perto de mim. dá-me a tua mão, não quero esperar que dês a volta ao mundo para te ver de novo, por mais pequeno que seja o meu mundo sem ti, por mais curto que seja esse caminho, por menor que seja o tempo que demores a voltar, não vás, fica para que possa ouvir a tua história, para que a possas contar como te pedi.

Wednesday, July 06, 2011

Viagem sem data marcada

passei horas à procura de inspiração, aquele "plim" que não aparece. podia falar de mil e uma coisas, dedicar-te mais um texto ou meia dúzia de palavras, podia falar do dilúvio de problemas que inunda a nossa sociedade ou de casos isolados que não tiveram um final feliz. podia também lembrar-me das inúmeras histórias que, por entre lágrimas e sorrisos, ainda nos fazem sonhar. aquelas que alimentam a nossa imaginação e nos fazem crer que também a nós tudo de bom pode acontecer. podia reler textos teus, provar cada palavra na esperança que surgisse uma ideia, um toque de midas que pudesse tornar a escrita dourada, digna de por breves momentos ter a atenção do teu olhar. as horas, que apenas conto a cada conjunto de minutos, não são como o tempo que não pára, que parece não ter um grão de areia que impeça as suas engrenagens de rodar. também as saudades não param, por estarem amarradas ao tempo. subitamente me lembro o pouco sentido que isto faz, pois quando estou contigo o tempo corre, foge de todos os grãos, no entanto, as saudades param, adormecidas nos teus braços, presas ao teu olhar, embaladas pelo doce som do teu respirar. que pouco sentido isto faz, que pouco sentido a vida tem quando damos valor ao que não temos, quando incessantemente sonhamos, noite após noite, com essa viagem sem data marcada infinitamente adiada, perdida numa agenda onde o ano não tem os dias a que nos habituamos. como uma criança que não deixa de sonhar, contínuo à espera que alguém me leve para a neverland.

Tuesday, July 05, 2011

O brilho do olhar e o som do palpitar

por entre centenas de textos teus andei perdido, de uma ponta a outra tudo li, tudo mesmo. comecei no nada, envolto em silêncio, tão grande que incomoda e gera apatia como dizes. senti. senti tantas vezes como tu o medo dessas paredes que separam mundos, invisíveis como vidro, que poucos entendem, que a tão poucos importam. essas paredes que ficam sujas de chuva, um sujo que não se vê, mas que se ouve, que se escuta tão bem como o palpitar desse pedaço que tens no peito. sem palavras pendentes, que ficam por dizer, porque ele não fala apesar de o podermos escutar, apesar de tão bem se poder entender. podemos ver a chuva correr por essas paredes, como lágrimas numa face rosada, lágrimas que não escutamos, que não falam mas que podemos entender tão bem. senti. há quem nada sinta, quem se abstraia, quem tenha faces, tantas como um cubo que roubo da tua explicação, há quem tenha só uma, mas é tão difícil, quase tanto como escutar o pedaço ou entender esse brilho no teu olhar. é mais fácil usar uma "máscara de sorrisos e malmequeres" que tudo esconde, excepto o brilho no olhar e som do palpitar.

Monday, July 04, 2011

Ler palavras

tantas vezes leio as palavras que te escrevo, letra por letra tantas vezes. não sei que sentido isso faz, que sentido isso tem, esse acto de envolver o meu corpo em palavras que te dei, palavras que são tuas desde esse momento passado em que fugiram das minhas mãos, da minha boca e do meu pensar. como beijos que te dou, que te quero dar, inesgotável forma de prazer, que ao partir não tem mais voltar, mas que sabe tão bem nesses poucos segundos em que num ápice o tempo se desfaz. beijar teus lábios, por mais pura que seja a imaginação, é doce devaneio como estas palavras são. por mais que negue, e tu sabes que muitas vezes o faço, por muito que isso queira esconder, o certo é que quero muito que todas estas palavras, todas as que escrevi ou escreverei num amanhã presente, fiquem bem perto de ti, bem perto do que dizes que não tens, que não sentes, esse pedaço que esqueceste e que o tempo apagou. essas memórias que as lágrimas não apagam, que o tempo não esquece, ao contrário do que dizem, mas que a consciência oculta impunemente quando fico cativo, subjugado ao teu sorriso, a esse brilho imenso que me deixa prisioneiro do teu ser. não sei porque o fazes, nem porque me deixo levar, talvez tenha sido o tempo equivocado, que se enganou apagando o que não devia apagar.

Sunday, July 03, 2011

Conta-me tempo

tudo o que tenho pensado nestes dias é em tempo, já não penso em mim, em ti, em nós, simplesmente em tempo. tempo que não passa nem quer passar, segundos transformados em horas ou dias por essas malvadas transmutações a tender para o infinito, a levar-te para longe de mim. perdido em contagens decrescentes para te ter nos meus braços, nem isso, para te ter ao meu lado, pois este tempo não anda, parece magoado, partido, quebrado em fragmentos inconciliáveis, eternamente separados como nós parecemos estar. porque não se quebra esta linha de pensamento, porque não vai a tua imagem para longe de mim? conta-me, sussurra docemente ao meu ouvido as saudades que tens, de mim, de um beijo meu que nunca provaste. em sonhos, conta-me, o quanto queres segurar a minha mão, colá-la no teu peito enquanto me roubas esse desejado beijo. conta-me ou esconde-te nesse escudo de medo e arrependimento enquanto murmuras que me queres sem quereres, que me desejas sem me teres, que me adoras sem gostares, que me amas sem amares. conta-me o quanto querias que estivesse enrolado na tua pele, abraçado ao teu calor, seduzido pelo teu olhar, viciado no teu amor, louco pelo teu beijar... conta-me a nossa história com um final feliz, hoje, agora, conta-me ao ouvido, baixinho em tom de segredo, longe de lágrimas, tristeza e medo. enche de palavras a minha mente para que te possa provar, enquanto falas, enquanto ris, mas não pares, não interrompas essa linha de pensamento que te liga a mim, enquanto me contas... enquanto te peço, conta-me... o quanto gostas mim.