Friday, April 15, 2011

Tardes de Inverno

a lembrança de procurar debaixo da pele, pedaços de ti que já não tenho, vestígios de noites em que nos escondemos debaixo de estrelas, pontos luminosos do céu que um dia foi meu. um dia terei, farei, direi palavras, meros instrumentos que tocam tão fundo, tão dentro de ti, onde mais ninguém ou alguém ousa possuir o dom de sentir. prende-me, não te peço mais, não te peço menos que aquilo que sei que queres, não invoco saudades, tempo ou espaço, não peço perdão, piedade ou pena, sentimentos feios num mundo quebrado de tanto ódio e pouca bondade.
esse bem que se encontra perdido, imaculado em pétalas de magnólia que vimos em tardes de inverno, estação triste e cinzenta lutando incessantemente contra os teus sorrisos, contra o meu olhar deliciado na tua imagem, vidrado em transformar segundos de bem em minutos de eternidade. passo essa eternidade sozinho, à espera que acordes e abras os olhos, que vejas em teu redor mais do que um quarto escuro e sombrio, que vejas mais do que uma pessoa, um ser, uma alma lutando para sobreviver vivendo num mundo que nada oferece, apenas dá aquilo que não queremos, somente ignora os desejos mais profundos de uma noite passada entre lençois e o quente da tua pele, o teu doce respirar, calmo e profundo depois de teres sido minha, depois do adeus, depois de tudo o que ficou guardado em memórias de folhas brancas. não prometo sorrisos, não quero dar mais do que o que tenho, não quero nada, apenas um pouco de nada, um pouco de tudo o que tens para me dar.

1 comment:

Damra said...

um pouco de nada, um pouco de tudo!
o equilibrio :)
sorte a da pessoa a quem dedicas o que escreves, embora provavelmente como dizes, não saiba dar valor ...
ou sim :)
transmits uma intensidade no que escreves, um sentimento que é inexplicável