Monday, January 10, 2011

José e Pilar

"a minha única missão é ser feliz e fazer aquilo em que acredito"
enquanto a manhã passava fui ouvindo uma hora de radio... radio radar, emissora desconhecida revelada por uma alma repleta de bom gosto. durante esses cinquenta e oito minutos ouvi falar do documentário "José & Pilar", ao qual já dediquei tempo e atenção, quer para o ver num dos poucos cinemas onde foi exibido, quer para escrever aqui no blog. pode parecer algo repetitivo, voltar a chamar o assunto à atenção de quem lê, ouve e vê, por sentir que devo partilhar aquilo em que acredito e com que concordo. há várias ideias partilhadas num filme completamente "amoral", onde o amor das nossas vidas aparece tarde mas a boas horas, onde a morte não mete medo, onde não há descanso porque para isso temos a eternidade, onde 86 anos parecem não pesar nas pernas de quem quase toca o centenário. é irónico olhar para um mundo de gente jovem e cansada, gente que perdeu o animo e a esperança, para depois ver que o pessimismo é que cria tudo isso e que uma mente aberta pode virar o mundo ao contrário.
mente aberta que não temos por cá, neste país em que tudo corre mal porque tem de correr, onde só depois de morto ou quando se tem sucesso além mares é que se merece respeito e devoção. onde tudo o que é nacional é mau, esse patriotismo repleto de estigmas, marcas profundas de mau gosto mesquinho. tenho o hábito de dizer que as pessoas não mudam, mas as mentalidades devem e têm de mudar. em tudo há coisas más, e nesse tudo também terá de existir algo de bom. parece que existem demasiadas generalizações de acontecimentos e factos, parece que não há lugar a excepções, parece que não existe vontade de dar um passo, que é melhor permanecer parado num cruzamento sem escolher um caminho, porque escolher dá trabalho, pode trazer problemas... se estou parado e não tenho dificuldades, assim ficarei até que a eternidade decida colocar problemas à porta da minha casa, mas se ela não os levantar à altura dos meus olhos farei por não ver e continuarei parado. não existe um espirito empreendedor, um querer partir à aventura por algo melhor, aprender, inovar, tudo isso são ideias fora do dicionário e da mente do comum lusitano.
enquanto não houver lugar a crença, enquanto não existir coragem e paixão pelo que se faz seremos sempre portugueses.
portugueses pregados com grandes estacas ao passado, a poemas que contam uma história sobrevalorizada, o fado que apenas é interpretado como tristeza em vez de ser uma ode à alegria, a impérios de sonhos... quarto, quinto? pouco importa se esses sonhos já não existem, se isso é algo em que ninguém acredita, pois o desconhecido mete medo, medo que não deixa avançar, que não deixa perceber que o desconhecido até pode ser o lugar onde está o melhor que nos pode acontecer.

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