Monday, January 31, 2011

Miserável

acabei de descobrir que sou miserável, no entanto, passo cada dia a correr para não ser contagiado por nenhuma das outras enfermidades que passo a citar.

""Deficiente" - é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" - é que não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" - é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" - é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" - é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" - é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam da sua ajuda.
"Diabético" - é quem não consegue ser doce.
"Anão" - é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
"Miserável" - são todos os que não conseguem falar com deus."

Mário Quintana

vejo muitos doentes à minha volta nos dias que passam, mas não sou médico para curar ninguém nem professor para ensinar alguém.

Thursday, January 27, 2011

Os Gays de Alegre

parece que a falta de ideias invadiu o meu quotidiano. apesar de ter em mente muitos assuntos sobre os quais podia divagar por aqui, nenhum deles me preenche as pontas dos dedos com palavras que sinta que devo partilhar. diariamente leio textos sobre os quais podia falar e escrever, longas dissertações onde espelhava a minha opinião.
ainda há pouco, lendo "os gays de Manuel Alegre" de Henrique Raposo pensei em falar sobre o assunto. muito podia dizer, mesmo não sendo um tema que goste de discutir, pois, tal como muitos outros temas por vezes polémicos, é preciso ter a pessoa certa à frente dos nossos olhos, para evitar gastar a mente a cuidar das palavras que se vão dizendo.
pensei também falar do meu pessimismo inato, de como não pareço ser pelo que digo a quem me ouve, mas sou pelo que digo à minha pessoa quando ninguém me ouve. pelos planos que fiz, desilusões que tive e também pelos sonhos que um dia pensei realizar. contínuo a acreditar em finais felizes mas a esperança já é muito pouca. mas de uma coisa tenho a certeza, não é por me esconder num canto, só e fechado no meu bunker, que vou ser menos infeliz. a solidão é a maior das infelicidades mas nem sempre nos apercebemos de tal facto.
vagueou pelas minhas ideias a hipótese de falar de muitos outros assuntos, uns sem nexo, outros com bastante sentido, mas para escrever como gosto, com sentido, preciso de sentir o que escrevo e com a anestesia que tenho não sinto nada.

Wednesday, January 19, 2011

Eterno cansaço

há dias, pouco mais de uma semana, fui para os lados de lisboa ter com uma moça, obra do acaso e de muita conversa, alguns momentos partilhados no meio de loucuras e devaneios. tive a oportunidade de conhecer duas pessoas nesse dia, uma que se destacou pela loucura e pelo easy talking, outra que se fez notar pelos olhos, pensar noutro lugar e um certo cansaço. certo que todos temos direito a estar cansados às vezes mas, com uma eternidade para descansar torna-se um desperdício de tempo e de vida. nem sempre os dias nos dão para andar aí a espalhar charme, sorrisos e pitadas de energia, dizer bom dia e boa tarde a quê nos olha de alto a baixo, ser "uma senhora do adeus" que largou o saldanha ou qualquer outro sítio onde espalhasse tamanha boa disposição, para a doar em largas quantidades pelos locais onde gasta tão precioso tempo que é o seu dia. o tempo desse dia conheceu então o seu fim e as duas pessoas seguiram o seu caminho, uma louca de tão bom sentido, outra de olhos brilhantes sem o luzir de outros tempos, cansada sem a energia de outras épocas, mas com a essência de sempre, que eu não conheço mas que sei que nunca se perde. por vezes é apenas isso que é preciso, lembrar-se que há valor para dar e para vender, há "adeuses", sorrisos e línguas para deitar fora, que há dias que por muito maus ou bons que sejam, existirá sempre um sorriso amigo, da mana ou do mano, ou até da amiga louca se ela estiver por perto, para nos fazer pensar que a vida tem coisas boas, muito boas, que adoramos e nos lembramos não a cada segundo que passa, nem quando precisamos, mas quando sentem que precisamos desse carinho. não sei se vale a pena tudo o que escrevi, se te vai deixar bem disposta, mas no final de tudo e resumindo muito sinteticamente toda a ideia...
smile :)

PS - para a outra pessoa caso leia tudo isto, eu adoro ser louco por isso contínua a ser louca :)

Thursday, January 13, 2011

Desassossego

a noite que passou pode dizer-se que foi um desassossego... pela primeira vez no meu historial de condutor aventurei-me pelas ruas de lisboa. olhei para o mapa, fiz o meu percurso, pedi conselhos e lá fui eu feliz da vida por essa A1 a fora. pelo meio do caminho ouvi na radio a notícia que vergou a minha felicidade. "jogo do benfica em casa esta noite"... estando eu a pensar espalhar charme e boa condução pela segunda circular, após esta notícia, todas as minhas aspirações caíram por terra. então pensei, vou à volta! e que volta essa! conheci tudo e mais alguma coisa na periferia da nossa capital, encontrei obras e mais obras, ic's foram mais que muitos e fui largar uns centimos na crel. quando cheguei ao destino estava do lado errado da estrada. se aqui cheguei depois de tantas dificuldades e como já vem sendo hábito, hei de estacionar à porta, eu estaciono sempre à porta! depois de mais umas voltas por caminhos que não fazia ideia que existiam lá cheguei ao destino... e sim, estacionei mesmo à porta!
após uma hora e meia de desassossego perdi-me por lisboa...

Monday, January 10, 2011

José e Pilar

"a minha única missão é ser feliz e fazer aquilo em que acredito"
enquanto a manhã passava fui ouvindo uma hora de radio... radio radar, emissora desconhecida revelada por uma alma repleta de bom gosto. durante esses cinquenta e oito minutos ouvi falar do documentário "José & Pilar", ao qual já dediquei tempo e atenção, quer para o ver num dos poucos cinemas onde foi exibido, quer para escrever aqui no blog. pode parecer algo repetitivo, voltar a chamar o assunto à atenção de quem lê, ouve e vê, por sentir que devo partilhar aquilo em que acredito e com que concordo. há várias ideias partilhadas num filme completamente "amoral", onde o amor das nossas vidas aparece tarde mas a boas horas, onde a morte não mete medo, onde não há descanso porque para isso temos a eternidade, onde 86 anos parecem não pesar nas pernas de quem quase toca o centenário. é irónico olhar para um mundo de gente jovem e cansada, gente que perdeu o animo e a esperança, para depois ver que o pessimismo é que cria tudo isso e que uma mente aberta pode virar o mundo ao contrário.
mente aberta que não temos por cá, neste país em que tudo corre mal porque tem de correr, onde só depois de morto ou quando se tem sucesso além mares é que se merece respeito e devoção. onde tudo o que é nacional é mau, esse patriotismo repleto de estigmas, marcas profundas de mau gosto mesquinho. tenho o hábito de dizer que as pessoas não mudam, mas as mentalidades devem e têm de mudar. em tudo há coisas más, e nesse tudo também terá de existir algo de bom. parece que existem demasiadas generalizações de acontecimentos e factos, parece que não há lugar a excepções, parece que não existe vontade de dar um passo, que é melhor permanecer parado num cruzamento sem escolher um caminho, porque escolher dá trabalho, pode trazer problemas... se estou parado e não tenho dificuldades, assim ficarei até que a eternidade decida colocar problemas à porta da minha casa, mas se ela não os levantar à altura dos meus olhos farei por não ver e continuarei parado. não existe um espirito empreendedor, um querer partir à aventura por algo melhor, aprender, inovar, tudo isso são ideias fora do dicionário e da mente do comum lusitano.
enquanto não houver lugar a crença, enquanto não existir coragem e paixão pelo que se faz seremos sempre portugueses.
portugueses pregados com grandes estacas ao passado, a poemas que contam uma história sobrevalorizada, o fado que apenas é interpretado como tristeza em vez de ser uma ode à alegria, a impérios de sonhos... quarto, quinto? pouco importa se esses sonhos já não existem, se isso é algo em que ninguém acredita, pois o desconhecido mete medo, medo que não deixa avançar, que não deixa perceber que o desconhecido até pode ser o lugar onde está o melhor que nos pode acontecer.

Sunday, January 09, 2011

A tua face, o meu pensar

Hoje acordei com a tua face no meu pensar, doce e linda, meiga e feliz, tão pura como o luar. Podia ver os teus olhos cintilar, como duas esmeraldas, ou diamantes... Duas pedras preciosas que não paravam de me olhar. Tentei roubar um beijo, roubar um toque na pele de veludo, uma doce carícia, era esse o meus mais puro desejo, que me desses tudo, mas nem com toda a perícia o consegui roubar. Para ficar feliz, voltaste para os meus braços, abraçaste-me com força, colocaste o meu peito junto do teu, disseste sou tua sou eu quem te diz, demos pequenos passos na direcção do teu leito e fizemos amor como nunca tinhamos feito.

Wednesday, January 05, 2011

Pensamentos meus

muitas vezes olho para os textos aqui escritos e fico a imaginar todas as interpretações que podem ser feitas, todas as ideias certas ou erradas que podem ser retiradas. mesmo eu, que escolho cada palavra, posso inconscientemente estar a transmitir algo que não quero, ou quero, ou não sei se quero, mas faço-o. sou escritor porque escrevo? porque passo as minhas ideias para letras, para um formato que todos podem ver, ler e interpretar, mas nem todos podem compreender, perceber cada pensamento meu. é comum não ser entendido por quem me rodeia, explico mal por palavras aquilo que vagueia na minha cabeça. simples ideias muitas vezes rodeadas de palavras complicadas que muitos lêem mas poucos ou nenhuns compreendem.
porque faço isto? porque escrevo? porque mostro o que pensares e interrogações que preenchem o meu pensamento? aguardo com isto respostas de quem lê, sendo eu um dos visados, um dos leitores?
não.
como muitas vezes acontece, em dias de chuva como o de hoje, ou em dias de sol que não espero tão cedo, aquilo que se vê, sente, ouve e vive, apenas serve para que pensemos em nós, involuntariamente para que olhemos para o nosso dia a dia. logo à noite, antes de dormir não será neste texto que vou pensar... pensarei talvez em três tempos, presente, passado e futuro, segundos antes de adormecer, minutos antes de sonhar com um futuro melhor, a horas de um acordar que espero sorridente, para que mais tarde possa olhar para o passado dizendo que o presente é aquilo com que sonhei.

Monday, January 03, 2011

Memórias de outros tempos

em tempos passados tinha uma boa memória, conseguia recordar cada ponto de cada imagem, cada pequeno detalhe do teatro que todos os dias passa à frente dos nossos olhos. peças diferentes para cada um, peças únicas para alguns ou uma enorme diversidade de actores, actrizes, actos e teatros, onde com alguma imaginação e muita compreensão é possível ver a vida dos outros. dessa observação é possível guardar boas memórias se tivermos uma boa memória, más memórias se tivermos uma boa memória mas não poderemos guardar memórias se não a tivermos. apesar de já não estar imaculada como em tempos áureos, ainda é fácil recordar os pormenores que importam, aqueles que passam despercebidos à maioria das marionetas que ocupam o espaço que nos rodeia. objectos que não fazem mais do que passar o tempo, que há muito se esqueceram que têm um coração e que isso significa que em vez de passar o tempo deviam vivê-lo. é uma pena que assim seja, esse sentimento triste que por vezes ainda existe no meu quotidiano, mas que só mostra que mais nada há a fazer, enquanto as cordas que fazem os seus braços mexer não forem cortadas.